Naquela
noite sonhei que sonhava.
Era
dia.
No
meu sonho estavas tu alegre nem um pássaro
subindo
no meio duma fresta de sol,
em
inverno rigoroso.
Eu
sonhava e dizia-te sonhei contigo,
estavas
tu a sorrir sentada no chão,
enquanto
a chuva caía sobre uma árvore despida de folhas,
meditativa.
Era
uma sensação plena de ternura
pelos
teus grandes olhos azuis alucinados,
ignorante
da vacuidade dum extenso fogo
que
eu já vi nos despenhadeiros
por
onde andam os répteis absurdos,
nas
linhas verticais dum desejo.
O
teu corpo reclinava-se,
voava
em cima dum enorme bloco de gelo
que
transfigurava tudo no cinzento dum pombo,
na
noite plúmbea do mar.
Eras
tu que vigiavas uma fábrica de beijos,
homens
e mulheres de estranhos capitéis
para
se protegerem da geada
ou
talvez da antiga ciência do deslumbramento.
Eu
era apenas uma sombra.