Um menino trazia um fio de búzios
na concha da minha mão.
Era criança,
mais jovem do que eu julgava
ou imaginava ser, ou ver no azul
profundo
os tons ocre e sépia
da falésia que caía sobre o mar.
Era o tempo das nêsperas e das amoras
que ainda brilham nos meus olhos.
Mas era já o tempo das ondas
lavrando
a areia, gaivotas estridentes
clamando contra o vendaval.
E o menino nada sabia do vento
áspero da montanha
nem da rigorosa fixidez do pão do
condenado.
Era apenas uma criança ainda jovem
que procurava búzios na praia,
junto ao mar
no azul profundo céu que imaginava
na cor das nêsperas e das amoras
que ainda hoje animam os meus
olhos.