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terça-feira, 25 de agosto de 2020

O vento não pára


O vento não pára. 

Nem param as ondulações do tempo 

a assimetria luminosa das cores 

 

 A vida corre ao sabor destas divagações da água

 em redemoinhos dum vento que vem de longe 

doutros sismos da Terra, 

a ciência fulgurante do Sol 

 

Nós apenas partilhamos o lenho cósmico, 

melódico reflexo dos seus acordes e do acaso 

 

E o ocaso

domingo, 21 de junho de 2015

A FLOR


A flor sobre o plano branco,
a palavra no meio doutras palavras brancas
sem cor e sem chama

ou o fruto maduro entre a folhagem
verde
novo de sabores ignorados

e aquelas mãos
o teu corpo de mulher entre as mulheres
o pano brando onde aprendo
a cor melhor das flores

e sabores.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

AS CORES DIZEM O TEMPO


As cores dizem o tempo,
o granizo que embranquece as arestas do granito,
o hortelã respirando pequenas flores de sabor a sul.

Ó a antiga sapiência das árvores
e dos caminhos
e da plenitude nas planícies de verdura!

Como não hei-de segredar o teu nome
ó bonina de incenso, em noites de paixão,
nos pântanos que parecem eternizar os teus segredos?

És o pólen e a cegueira
de espirais hipnóticas de paz e medo,
em águas nascentes de musgo e de frescura.

És a vertigem duns olhos feridos pelo orvalho
das manhãs, ao cair da tarde
e eu te invoco na busca dos limites
que fazem o fascínio, a vigília perturbada
do teu violoncelo tocando ao vento.