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domingo, 14 de dezembro de 2014

POEMA DE NATAL (novo)


Vem das profundezas do fim das trevas
um caminho mítico para os exercícios da alegria
ali tão perto no barro ainda mole dos antigos.

Assim o pressentimos em fogos de encantamento
na enorme plenitude do orvalho das manhãs

Talvez nos enredemos em ludíbrios ágeis
pela cerimónia de louvar a imagem virtual dum deus
no seu nicho distante negligenciando as vozes da planície
mas vale a pena tentarmos nós próprios a utopia
porque os deuses estão longe delidos noutros dilemas
noutras abstrações inatingíveis
porventura ainda mais utópicas que as nossas.

Diremos Natal como quem diz um bálsamo
ou um violoncelo tangendo um prelúdio chão
testemunho duma fogueira na água
e no pó do nosso destino também um murmúrio incerto
alheio à vontade transparente das estrelas.

Veja também o vídeo aqui

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

POEMAS DE NATAL (2)




A ideia de Natal é uma ideia em construção
uma casa comum de barro generoso
feito do sangue e da probabilidade duma cidade
cheia de luz, emergindo do obscuro impulso
dum promontório temível que despedaça as águas
impelidas por vento que vem do chão.

Evocar o Natal é uma ideia de harmonia
entre os naturais irmãos da terra,
o decurso duma semente que floresce
ao calor dum gesto sempre inacabado.  

Façamo-lo hoje ao cair da noite
para celebrar a vida, numa ideia de paz
para que o barro floresça em paz até ao fim.

...........Pode ver o cinepoema correspondente a este poema aqui

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

UMA IDEIA DE NATAL - poemas de Natal 1


ESTE É O PRIMEIRO DOS QUATRO POEMAS 
QUE DEDICAMOS AO NATAL DE 2014

Uma ideia persiste no coração do mundo:
a imagem pura, a água limpa duma fonte
uma palavra chã, em seu natural anseio.

Por ela meditaremos em antiquíssimos relatos,
a viuvez dum musgo na fraga da montanha
ou o desterro para uma flor esfarrapada
tolhida em absurdos espectáculos de agonia.
 
E façamos do murmúrio um chão sadio
que floresça a urze do chão remoto,
o ofício da luz abrindo devagar a terra,
para os frutos indomáveis da alegria.

Os nossos dias também têm um sentido lato
superior às minguas às figuras de excesso
mais profundo que o mecanismo duma roda.

Por isso celebremos sempre a ideia de Natal,
para que seja um exercício repetido de louvor
à grandeza anónima irrepetível duma vida.

* Poderá ver o videopoema correspondente aqui.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O edifício das palavras



O edifício das palavras,
o projecto inerente à ideia
e aos degraus da leitura

o processo linear dos sons
e dos afectos

um pouco de embriagues
ao questionar as sombras e a luz

eis a explosão programada
do poema

o agitar dos mistérios
no desassossego e na emoção
de dizer o indizível

à luz do dia.