vieiracalado-poesia.blogspot.com

vieiracalado-poesia.blogspot.com

terça-feira, 29 de julho de 2014

ONDE PÔR OS PÉS?



Onde pôr os pés sem cair na angústia
das horas repetidas,
ou encontrar esse deslumbramento simples
da leveza distraída duma lira?

Procuro entender o enigma furtivo dos esplendores,
a essência dos trabalhos vertiginosos da luz
e das cinzas,
incandescências que permanecem
para além do discurso efémero dos sentidos,
e dos licores adstringentes,
no seio da terra, desenhados para os perfumes
obstinados que vêm depois das chuvas,
o rasto do barro ainda húmido, primitivo.

Os caminhos da vida trazem-me indícios
dum segredo por desvendar.

Na grande planície soa uma serenidade
sem bermas, como as iluminuras donde luz o sol
eterno olhando a terra com bonomia.

Será esse o segredo das grandes travessias
indiferentes à resolução dos mistérios extensivos
do pó que cobre as árvores desfeitas
em turfa, fósseis modelados por milénios?

Será esse o segredo que desconheço
ou ignoro, das vivências minúsculas dos seres simples
que apenas procuram um rastro de luz
para abençoar, cumprir os seus dias?

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A PALAVRA COMO A PEDRA DE CAL



"As palavras brilham apesar de tudo
Na noite do mundo…"
Adolfo Casais Monteiro


A palavra como a pedra de cal
soletrando o caminho substância
essência mesma do caminho

A palavra como o nervo da erva
organizada
em fibra e seiva
- a verve
transmissora.

A palavra como um veio de água
- o pão
do sal
do mar universal.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

25 de Abril de 2014

A GRANDE EXPOSIÇÃO DO ALONSO, 
SOBRE O 25 de ABRIL, 
NO CENTRO CULTURAL DE LAGOS 
(em que eu participo), 
está a acabar.
Para quem está longe, eis um vídeo - PORTUGAL 2014,
dessa minha participação. 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

ESTES MUROS


Estes muros são a nossa casa,
o modo austero de preservar os tectos
para as chuvas e o vento,
onde encontrar um refúgio, o alento
para dizer as palavras indizíveis.

Aqui coabitamos com as dúvidas
que escondem um instante efémero,
uma noção solene do nosso tempo breve
para discorrer sobre os acasos.

Transpiramos as sombras espessas
que chegam depois da exígua claridade
ofuscando o brilho dos nossos olhos,
para que o amanhã de novo se reconstrua
por cima dos nossos restos de luz morta.

sábado, 21 de junho de 2014

COM O TEMPO



Com o tempo
um delírio impoluto cresce em nossos olhos.

Aprendemos a distinguir
um sorriso, o riso austero, o choro da criança

o sal que dá rigor às nossas vidas
ou rói o vigor dos ossos

e que nos trazem ainda vertical
como sãos os exercícios primaveris de palavras
nunca ditas

como que amarelecemos o tempo.