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sábado, 19 de dezembro de 2015

Uma casa constrói-se ao lado dum caminho


Uma casa constrói-se ao lado dum caminho,
a respiração contida, a luz adequada à festa
duma porta entreaberta, grave, mas vigilante,
na virginal sedução por aromas encobertos.

Para sustentá-la em seus símbolos de fogo
e seus muros de imponderável leveza,
iludem-se os barros no plasma dos sonhos,
o tecto lavra-se para as duradoiras chuvas
em cerimónia primitiva ritual de origens.

Servem-se as ervas em remotas narrativas
de saberes esquecidos, vividos nas cinzas
do tempo breve que preencheu a claridade.

E para a necessária tolerância das ruínas
a incansável circulação dos magmas, o frio,
ignoram-se os desvios dum coração audaz

porque a casa é o lugar exacto dos ruídos
a respiração das águas que caiem devagar
desconhecendo o pó, os átomos do delírio.

 em "CAUSAS DE HABITUAÇÃO", a publicar

quinta-feira, 26 de junho de 2014

ESTES MUROS


Estes muros são a nossa casa,
o modo austero de preservar os tectos
para as chuvas e o vento,
onde encontrar um refúgio, o alento
para dizer as palavras indizíveis.

Aqui coabitamos com as dúvidas
que escondem um instante efémero,
uma noção solene do nosso tempo breve
para discorrer sobre os acasos.

Transpiramos as sombras espessas
que chegam depois da exígua claridade
ofuscando o brilho dos nossos olhos,
para que o amanhã de novo se reconstrua
por cima dos nossos restos de luz morta.