vieiracalado-poesia.blogspot.com
vieiracalado-poesia.blogspot.com
segunda-feira, 9 de março de 2020
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
SONETO CLÁSSICO
Este blog permite comentários anónimos, desde que de boa-fé
SONETO CLÁSSICO
Foi uma aventura breve de ilusão,
qual centelha fugaz e excitada
rompendo o véu da esperança e da razão
queimando a fúria amena e enamorada,
Foi uma aventura rápida ansiada,
como um impulso oculto uma visão
que nascera em mim da celebrada
falsa essência que fulge o coração
Foi um sopro de vento imaculado
que cedeu ao ciclone do meu sexo
foi a miragem do amor sem nexo
O desencanto da alma e o tresloucado
e fremente querer que o mundo sente
enquanto em si tal feito não consente.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2018
NATAL II
A ideia de Natal
é uma ideia em construção
uma casa comum
de barro generoso
feito do sangue
e da probabilidade duma cidade
cheia de luz,
emergindo de obscuro impulso,
um promontório
temível que despedaça as águas
impelidas por
vento que vem do chão.
Evocar o Natal é
uma ideia de harmonia
entre os
naturais irmãos da terra,
o decurso duma
semente que floresce
ao calor dum
gesto sempre inacabado.
Façamo-lo hoje
ao cair da noite
para celebrar a
vida, numa ideia de paz
para que o barro
floresça em paz até ao fim.
quarta-feira, 26 de setembro de 2018
O NOSSO PALCO
O ofício das palavras é uma cerejeira de séculos
um cristal que experimenta os magmas da terra
a pressão dos fluidos, o debate léxico dos óxidos,
na obstinada austera metamorfose das seivas.
É uma frágil representação da apetência
para respirar os ritmos interiores do corpo
em seus murmúrios de floresta eflorescente,
seus rios insaciáveis arrastando as margens.
A fogueira das palavras é um destino instante
de plantar árvores de frutos exóticos
à beira do chão mortificante, redondo
e é um exercício tão urgente como o corpo
na sua paixão íntima pelo delírio intenso
de presenciar a transfiguração da claridade.
sábado, 15 de setembro de 2018
SETEMBRO
Setembro é o
mês dos grandes fogos.
A devastação
A devastação
do chão
devagar bebendo a seiva imperturbável
onde a cinza
refeita dos séculos reacende
o resplendor
das manhãs, nas árvores macilentas,
com o seu
bafo de menina que vai morrer.
Por ele se
redime
o cardume das aves migratórias
rumo ao sul
dos sóis inumeráveis
perdido que
foi do estio, o agosto ardente,
a terra
descalça, seca,
nas ambições do trigo.
Mês onde o
leão a virgem devora lentamente
com o seu
rosto de ervas
amarelas da
tarde macerada.
Por ele se esvai
o brilho do riacho
às portas do
mar correndo,
de tão longo
augúrio o amor desfeito.
Mês onda a
pedra avulta perene
o esplendor dum réptil
o esplendor dum réptil
e o réptil
reganha a cor a condição
da pedra.
Setembro é o
grande mês dos fogos
primordiais,
tardes
que se alongam em vozes frias
com a
exactidão precisa dum alçapão
e um tumulto
de folhas secas roça
o dorso
incerto do valado
grisalho, de
aranhas agonizantes voando
em teias de
pó no ar incerto
ou ao mar do
vento desabrido e sonolento.
Por aqui
passam os últimos enleios
do despertar
a frágil
representação da cena das espigas
brisas
cravadas de papoilas,
sinfonias de luzes,
enquanto os
grandes espaços se enchem
do último
voltear dum insecto doido.
na secura,
na vertigem inquieta
do fim do dia
do fim do dia
inquieto
pelas chuvas anunciadas.
Setembro é
fogo do fogo.
O princípio da cinza,
o princípio do princípio.
O princípio da cinza,
o princípio do princípio.
sexta-feira, 27 de abril de 2018
UM FIO DE BÚZIOS
Um Fio de Búzios
Um menino trazia um fio de búzios
na concha da minha mão.
Era criança,
mais jovem do que eu julgava
ou imaginava ser
ou ver
no azul profundo os tons ocre e sépia
da falésia
que caía sobre o mar.
Era o tempo das nêsperas e das amoras
que ainda brilham
nos meus olhos.
Mas era já o tempo das ondas lavrando
a areia, gaivotas estridentes
clamando contra o vendaval.
E o menino nada sabia do vento áspero
da montanha
nem da rigorosa fixidez
do pão do condenado.
Era apenas uma criança ainda jovem
que procurava búzios na praia
junto ao mar
no azul profundo do céu
que imaginava
na cor das nêsperas e das amoras
que ainda hoje animam
os meus olhos.
NO PRÓXIMO DIA 1º DE MAIO,
estarei na sede da Junta de Freguesia de São Gonçalo,
em Lagos, para apresentar vídeos sobre Lagos,
de meados do século passado e outros, grande écran.
Entrada livre.
quarta-feira, 4 de abril de 2018
O coração conhece o segredo
O
coração conhece o segredo
O coração conhece o segredo dos
pássaros,
a ânsia de horizontes para além
do horizonte.
O segredo dos pássaros é uma
centelha
de luz rebuscando a
simplicidade duma vida
imagens móveis que alargam o nosso
chão,
apenas em memórias difusas de
exiguidade
e fantasmas de veludo passando
mãos inertes
sobre o nosso rosto.
Ou labaredas azuis duma tarde
quente
e o fio dum arco-íris
em suas cores de transparência e
frio.
O coração conhece o segredo dos
pássaros
e o seu degredo.
E eu apenas recomeço os
trabalhos
da simplicidade da minha vida
e reconheço a sua exiguidade
guiada por horizontes de bruma.
sábado, 2 de dezembro de 2017
NATAL 1
Uma ideia persiste no
coração do mundo:
a imagem pura a água
limpa duma fonte
uma palavra chã em
seu natural anseio
Por ela meditaremos
em antiquíssimos relatos
a viuvez dum musgo na
frágua da montanha
ou o desterro para
uma flor esfarrapada
tolhida em absurdos espectáculos de agonia
E façamos do murmúrio
um chão sadio
que floresça a urze
do chão remoto
o ofício da luz
abrindo devagar a terra
para os frutos
indomáveis da alegria.
Os nossos dias também
têm um sentido lato
superior às minguas às
figuras de excesso
mais profundo que o
mecanismo duma roda.
Por isso celebremos
hoje a ideia de Natal
para que seja um
exercício repetido de louvor
à grandeza anónima
irrepetível duma vida.
Subscrever:
Mensagens (Atom)