vieiracalado-poesia.blogspot.com
vieiracalado-poesia.blogspot.com
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
SONETO MODERNO
Sob a influência de variadas energias e vapores,
a cobra enrosca-se na árvore do fogo.
É um exercício adoçado pela música das nuvens
grandes espasmos de alegria sobre a terra.
Por ali passa a ebulição dos fluidos
actor de mil anos de efervescência
bailarino das areias consumado mestre
das intuições aprendidas desde a fonte.
Vão sobrar as cinzas e as memórias
duma constelação de viagens ao sol
também o frio imparável dum estio vindouro.
Mas esse é o destino das cores que empalidecem
quando nasce o dia e vem o vento violento
a varrer o chão, a habitação do barro e das pedras.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
AS ESTRELAS
A rose
is a rose
is a rose
Gretrude Stein
Rosas são rosas, no dizer britânico.
Ela disse rosas. Eu digo estrelas.
E céus e átomos e neutrinos
e o protoplasma que deu cor ao perfume das
rosas
e ao ser pensante que pensou sobre o próprio
pensamento
e ao feixe hertziano que há-de pairar
sobre todas as cabeças de todos os seres
pensantes,
em todos os céus e todos os universos.
Digo estrelas porque as estrelas também
florescem
e morrem
como as rosas se acendem numa fragrância de
cores
e fenecem
perdurando na memória do ser-pensante,
ele próprio pó das estrelas, átomos e
neutrinos
como um deus eterno e distraído
na solidão para sempre eterna e distraída.
domingo, 9 de outubro de 2016
O MÁRMORE
O mármore,
o escopro modelar
acariciando as formas ideadas,
a maternidade feita vida
numa pedra.
Sopro de helénicas
indústrias da perfeição
de olhar uma deusa nua
banhando-se
no Éden deste mundo.
Oh, serena descrição do amor!
Oh. grito erguendo a alma
para repensar a utopia
na pureza branca
duma pedra!
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
O REGRESSO
A passagem das horas
o perpassar dos dias
o lento fervilhar do tempo em seus artifícios
de claridade e sombras
trazem-nos a este lugar preciso
de quietude
em ondulações de silêncio e apaziguamento.
É aqui
onde deveremos aprender
os festejos da luz
a sombra do pecado original
dos fascínios
pelo regresso urgente
a nossa casa.
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
JUNTO AO MAR
Junto ao mar, nesta baía suave
de azul cobalto,
deixo-me envolver nos confins do
pensamento,
o recorte do céu, a expressão
mais nua do chão
e contemplo a narrativa das
areias desta praia,
a voz antiga que desfez a pedra
dos montes
no tumulto das grandes
impiedosas chuvas.
O meu arrebatamento é a história
que leio
nos veios engendrados pelo
refluxo da maré,
as algas deixadas junto ao
limite das águas
a própria índole maiúscula dos
grãos de areia
que jazem ao sabor da vastidão
dos abismos
traçados nos penhasco descidos
da montanha.
sábado, 20 de agosto de 2016
OS CAMINHOS DA PLENITUDE
Para trilhar os caminhos que levam à plenitude
escolhem-se
as veredas mais ímpias, sem flores
ou flores
gastas pelo faro dos pássaros
porque a
pura ciência dos rios se constrói
por entre
as pedras escorregadias, lisas
das
margens, não pela geografia das cores
o brilho
intransigente das primaveras.
terça-feira, 9 de agosto de 2016
LAGOS ONTEM (continuação)
Outro vídeo do DVD Lagos Ontem,
referente a uma zona emblemática da cidade velha.
Foi apresentado e projectado
na Feira do Livro de Autores de Lagos,
(no Armazém Regimental).
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
LAGOS ONTEM (CD)
Ontem, dia 4, apresentei o CD, de nome Lagos Ontem.
O evento teve lugar na feira/mostra de Autores de Lagos,
no Armazém Regimental, desta cidade.
Trata-se dum conjunto de vídeopoemas (agora posto a circular), concebido a partir do livro "Lagos Ontem"
e que mostram como era a cidade e sua vida,
em meados do século XX *
em meados do século XX *
Eis um desses vídeopomas:
Clicar youtube para écran completo
***
* 2 ª Edição da Câmara Municipal de Lagos
quinta-feira, 16 de junho de 2016
A CASA ANTIGA
Estas paredes preservam o modelo antigo
das casas
o método tradicional do corpo instituído
por analogia às árvores
um envelope para guardar a seiva
a estrutura íntima das flores
em sua esfinge impenetrável.
Têm as raízes na terra
como as memórias dum rio,
uma transparência donde se vê o fundo
a sombra célere enigmática das margens
Mantêm a dignidade vertical dum lírio
como um poço de vertigens, uma faísca
que perdura
e a mesma janela antiga descerrada,
uma onda transviada em mera dispersão da luz,
como o fazem os fogos da paixão
que se derramam pelas bermas dos caminhos.
segunda-feira, 6 de junho de 2016
PEDRA DA PROMISSÃO
Novo e novo
e sempre igual
o dia de amanhã
tece fantasmas no écran.
Pode chover
dias e dias a fio
como as folhas no Outono,
pode
sentir-se o frio das palavras sólidas
como a única certeza do
condenado,
podem mesmo aparecer sinais no
céu
a dizer que não há nada,
que o poeta
atento e absorvido
sonha sonhos impossíveis de
sonhar
e espera pelo dia prometido.
sábado, 28 de maio de 2016
POEMA DE AMOR
Eras
bela pela tarde à luz mutante
no
teu rosto de menina,
já
mulher
e
anunciavas flores de jasmim
num
lascivo desejo de romãs
que
acendias devagar em minhas mãos.
Eras
tu que trazias o enigma resolvido
da
plenitude na planície, na longa espera
duma
pétala oscilando ao sol,
o
pólen dum lírio madrugador a clarear
o
horizonte, o meu sangue ansioso
por
assistir à cerimónia repetida
das
espigas e do pão.
Trazias
pela tarde o meu sustento
até
ao fim da ausência,
o
arco-íris
como
a crina dum cavalo ao vento
emudecendo
a cinza de meus olhos.
Eras
tu a voz que se ouvia na vertigem
de
olhar uma aldeia acordada por tambores,
nas
origens, no orvalho, no barro
dum
prelúdio que já tive, de alegrias.
Subscrever:
Mensagens (Atom)