Um barco
atravessa o meu corpo de lado a lado
por cima
duma duna de areia animada pelo vento,
alheio à
tempestade transversal dos meus olhos
a
inquirir o azul cinzento do mar.
Há uma
nudez nos ares como um piano
tocando
num promontório de solidão,
um anel
de fogo abrindo o desconhecido
ali mesmo
em frente, no infinito do mar redondo
donde é
possível voltar sempre ao mesmo sítio
donde se
partiu, o mesmo desconhecido anel de fogo
que se
escreve no meu barco que jamais partiu.