No tempo em que as crianças
aprendiam a desenhar
um jarro de água em cima da
mesa,
uma árvore rodeada de promessas
num carrinho em madeira
feito com as próprias mãos
para conquistar a
distância e as manhãs
nesse tempo
havia uma grande luminosidade
nos ares
uma ânsia encoberto no coração
dum pássaro.
A noite que se via no olhar do
caminheiro
era uma seta apontada ao destino
e o destino era um mundo de
espigas loiras
de trigo plantadas na cidade
das grandes luzes para afugentar a noite.
Nesse tempo havia uma palavra
nunca dita
para dar corpo à raiz dos
corações:
o caminheiro haveria de ter uma
árvore
desenhada por uma criança
enfeitada de palavras
e de espigas
numa rua anónima da cidade.