vieiracalado-poesia.blogspot.com
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sábado, 22 de abril de 2017
domingo, 16 de abril de 2017
terça-feira, 4 de abril de 2017
O VERME
Hoje percebo o cortejo dos homens
no
altar do tempo
sem preço
sem promessa
sem vitória.
Hoje percebo o ajeitar da fêmea
e o
sôfrego momento viril
da
eternidade transmitida.
Hoje percebo o sal, o estrume
o
reclame dourado do sol.
E até o verme repugnante
que nas
mãos invento aos poucos
e nos
sinais descubro o mesmo ciclo
de
eternidade viva
hoje
que eu
vivo
percebo
e canto
sexta-feira, 31 de março de 2017
domingo, 12 de março de 2017
Leste nas estrelas
o
Leste no rosto lesto das estrelas
o fulgor obstinado dos átomos do hidrogénio,
os átomos do mais ínfimo alimento da utopia,
a sua inconsciente ciência, o seu credo austero
na probabilidade duns olhos fascinados
e percebeste a força interior universal
que anseia os equilíbrios, o plano horizontal
na harmonia dos espaços e horizontes,
desentorpecendo a bruma das montanhas,
despertando-a em enérgicos impulsos de energia.
Leste a sina das árvores numa pedra
adormecida sob outras pedras,
acaso portadoras dos signos do enigma
que procuras no abandono dum jovem morto
apodrecendo ao frio da tarde que não volta.
Leste as profecias escritas na música arrebatada
dalgum músico, ou dum outro visionário
da fraterna condição do homem,
na Terra exausta de cansaço e angústia
de ver a agonia de seus filhos subvertendo a luz.
Leste a tua sina nas cinzas da inocência
como a duma árvore que esquece o tempo
e arde para os outros como se fosses tu mesmo
quando vier o frio aos ossos, no outono.
terça-feira, 7 de março de 2017
Junto ao mar, nesta Baía
Junto ao mar, nesta baía suave de azul cobalto,
deixo-me envolver nos confins do pensamento,
o recorte do céu, a expressão mais nua do chão
e contemplo a narrativa das areias desta praia,
a voz antiga que desfez a pedra dos montes
no tumulto das grandes impiedosas chuvas.
O meu arrebatamento é a história que leio
nos veios engendrados pelo refluxo da maré,
as algas deixadas junto ao limite das águas
a própria índole maiúscula dos grãos de areia
que jazem ao sabor da vastidão dos abismos
traçados nos penhasco descidos da montanha.
Ela ensina-me a sedução pela espuma rigorosa
das vagas vindas de longe, trazidas no vento,
as correntes telúricas das montanhas do mar
e mostra-me o decurso inteiro e obstinado
que vejo nas conchas despojadas de moluscos,
nas algas que sucumbiram à força do tempo.
Aqui me atenho e entendo este abraço fraternal
das águas ajuntado os restos terminais da terra
antes do grande dilúvio da paz do sol poente
e ergo a minha voz e canto os espaços libertos
na voz multifacetada das águas do grande mar,
o azul pálido da vastidão pluricolor dos céus.
em MARENOSTRUM, a publicar em Maio, na "8ª Mostra de Livros de Autores de Lagos"
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
Lagos - Rua Direita
Rua Direita da minha infância, centro do mundo,
avenida de todos os universos da minha vida!
Ó rua da minha ingénua idade, da ingenuidade
da infância da minha vida, ó rua centro do mundo!
Rua demais estreita, para o meu ser vagabundo,
neste caminho incerto, para um beco sem fundo!
avenida de todos os universos da minha vida!
Ó rua da minha ingénua idade, da ingenuidade
da infância da minha vida, ó rua centro do mundo!
Rua demais estreita, para o meu ser vagabundo,
neste caminho incerto, para um beco sem fundo!
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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
DO TEU CORPO ENGENDRARÁS
Do teu corpo engendrarás um edifício
de palavras,
a palavra que quiseres
ser um fruto fraternal.
O ministério da saliva
fará o que fazem as mãos
ao oferecer uma flor
para que a palavra
seja o fermento
de outras flores e
seus frutos
para oferecer
a outras mãos que
passam.
em "Os Múltiplos Lábios da Página", a publicar
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
A INTENSIDADE DAS COISAS
.
A i ntensidade das coisas
define-se no espaço,
o seu perfil intransigente
habitado pelos ângulos da luz.
Nada se afasta do seu interior acto de destruição,
a fenda do nevoeiro envolvendo
o halo dos rios, numa ideia que passa.
As coisas são o espectro próprio das coisas,
o seu movimento fortuito, uma voz lenta
descrevendo os cinzentos, a cor negra
das ausências, como um canto extinto.
Apenas permanece, no decurso aberto
que habita as lembranças, uma intensidade
idêntica ao exercício rigoroso das palavras.
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