Dei por mim indo por uma rua encurralada
num muro branco com portais encimados
por brasões, armas e arabescos, sem
janelas,
sem sinais de gente.
Subi para ver o interior que era um
quintal
que parecia cheio de túmulos com
sepulturas cinzentas
mas depois percebi que eram cadeiras de
mármore
em forma de faunos esfinges e ninfas
num jardim de laranjeiras loureiros e
oliveiras.
Entrei por uma nesga
dei com uma casa de porta aberta
e logo vi uma linda moça deitada
enrolada em folhos brancos de brancos
lençóis
que me sorriu persistentemente.
Mas não era ela que eu procurava.
O que eu procurava era uma mulher que nunca
conheci
e que vira descer até junto à praia
por um carreiro estreito,
como o beco duma porta, para sempre
fechada.
Acordei.
A mulher já lá não estava,
ou nunca existira?
Jamais o saberei.
Como jamais saberei quem era aquela
menina formosa
entre os folhos duma cama
que me sorria persistentemente
deitada entre ninfas e faunos
num jardim de loureiros laranjeiras e
oliveiras.